Hermanos? Venezuela clama!

Todo o mundo tem acompanhado a atual crise socioeconômica e política que a Venezuela vem sofrendo desde o final do governo de Hugo Chávez até os dias atuais. Os inúmeros problemas enfrentados pelos venezuelanos têm culminado na pior crise econômica da história do país. Há muitas pessoas desabrigadas e falta de alimentos e outros produtos de primeira necessidade, como medicamentos.
A queda do Produto interno bruto (PIB) nacional e per capita entre 2013 e 2017 tem sido mais grave do que a dos Estados Unidos durante a Grande Depressão, ou da Rússia, Cuba e Albânia após a dissolução da União Soviética¹. Destaca-se também o aumento da inflação, que durante o ano de 2016, por exemplo, foi de 800% e a economia contraiu-se em 18,6%². Uma pesquisa apontou que cerca de 75% da população havia perdido, em média, 11 kg devido à falta de alimentação adequada³.
Em relação à segurança pública, dados revelam que a taxa de hom
icídios em 2015 foi de 90 por 100.000 habitantes4, segundo o Observatório Venezuelano de Violência (uma taxa maior que 10 por 100.000 habitantes é considerada como violência epidêmica pela Organização Mundial da Saúde).
Observando todo esse caos sofrido por nosso país vizinho, a Missão Peixes resolveu enviar uma equipe de missionários, no projeto Espias, para ser resposta ao sofrimento desse povo. Conversamos com o João, um de nossos missionários, para entender o objetivo da viagem e as projeções a partir dela. Confira a seguir.

- Qual foi o objetivo dessa viagem?
João: Fomos espiar, saber o que, de fato, está acontecendo ali na fronteira. Tudo o que sabíamos era a partir de noticiários. Sentimos a necessidade de ir até lá conversar com as pessoas, ver de perto o impacto da crise no dia a dia, conhecer os projetos que já atuam e entender de que forma podemos nos inserir ali.
- Que tipo de trabalho vocês viram sendo desenvolvido?
João: Há trabalhos em áreas distintas, como acolhimento, ações de saúde e educação, atividades psicossociais, integração e interiorização. Conhecemos algumas instituições que têm trabalhado nessas áreas com apoio da ACNUR (ONU).
Fraternidade Federação Humanitária Internacional – atendem a população através de 13 abrigos na região.
Exército da salvação – realiza atividades psicossociais e atendimentos jurídicos.
Comunidade Batista de Pacaraima – tem trabalhado principalmente com crianças e interiorização de aproximadamente 50 famílias até o momento.
- Na sua visão, qual é a maior dificuldade encontrada pelas equipes de apoio?
João: Devido à grande demanda, a maior dificuldade é não conseguir oferecer abrigo a todos os que necessitam. Há famílias dormindo na chuva e sem acesso à comida. Em seguida, destaca-se a interiorização, que tem sido um processo muito lento, causando um acúmulo muito grande de pessoas em Pacaraima.
- Como a Missão Peixes pretende atuar frente a essa demanda?
João: Frente a essas necessidades, estamos avaliando a possibilidade de realizar uma edição do Mão na Massa em Pacaraima, com ênfase na área da saúde, levando especialistas nessa área. Levar pessoas até o local é uma forma de divulgar o que tem acontecido e levantar mais pessoas dispostas a ajudar. Temos o desejo também de instalar um projeto de interiorização, levando algumas famílias para outras cidades, locais onde a Missão Peixes atua (Fernando Falcão – MA; Nova Friburgo – RJ; Itabira – MG).
- Como as pessoas podem ajudar à distância?
João: Há dois métodos para ajudar mesmo à distância: divulgação e doação. As pessoas podem mover campanhas para divulgar o que tem acontecido na Venezuela e angariar doações para serem enviadas ao povo.

A Missão Peixes não se calará diante de toda a demanda observada nestes dias. Nossa coordenação está empenhada e nos próximos dias estará em reunião para avaliar tudo o que foi coletado e projetar as intervenções. Voltaremos em breve com maiores informações e formas de outros se envolverem efetivamente nessa causa.
Fonte dos dados da matéria:
«US officials: 16 nations agree to track Venezuela corruption» (em inglês). ISSN 0190-8286
«Venezuela 2016 inflation hits 800 percent, GDP shrinks 19 percent: document»
«Venezuela: 75% of population lost 19 pounds amid crisis». UPI (em inglês). Consultado em 1 de maio de 2017
«The biggest worry in crisis-ridden Venezuela: crime». Los Angeles Times (em inglês). 6 de junho de 2016. ISSN 0458-3035. Consultado em 1 de maio de 2017
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